A Cocuus está desenvolvendo a tecnologia de P&D Nutri+, um projeto que cria alimentos para pessoas com dificuldades para engolir. Esse problema afeta um em cada quatro idosos na Espanha.
Um gesto que, à primeira vista, parece simples, como beber um refrigerante ou comer um pedaço de tortilla, pode ser extremamente complexo (ou até impossível) para algumas pessoas. A disfagia é a dificuldade para engolir. Estima-se que afete um em cada quatro idosos, embora possa ocorrer em qualquer idade e em diferentes circunstâncias: após um acidente vascular cerebral, depois de uma cirurgia, em pacientes oncológicos… e até mesmo em crianças com síndrome de Down.
“Há pessoas condenadas a se alimentar exclusivamente de purês por toda a vida, e isso inevitavelmente faz com que percam o interesse pela comida. Percebemos que muitos idosos, ao chegarem a esse ponto, começam a definhar pouco a pouco”. Essas são as palavras de Patxi Larumbe, um empresário de Navarra que está participando de um projeto promissor: através de uma impressora 3D, estão criando alimentos que podem ser consumidos por essas pessoas, desde hambúrgueres até frango, merluza, abacaxi ou kiwi. O segredo? Na realidade, são purês.
“Eles cheiram, têm gosto e aparência idênticos aos alimentos tradicionais, mas são purês adaptados para a disfagia. Assim que entram na boca, se dissolvem”, explica Patxi. Sob a marca de P&D Nutri+, esse projeto envolve várias empresas, centros de assistência social e agentes do sistema de inovação de Navarra, Sinai. Ainda está em fase de desenvolvimento, mas espera-se que em breve chegue aos supermercados: “Já estamos começando a programar a comercialização e a estabelecer conversas com supermercados. Hospitais e casas de repouso serão abastecidos pelo canal de distribuição Horeca (hotéis, restaurantes e cafeterias)”.
Patxi Larumbe é responsável pela parte tecnológica. Ele é um dos quatro fundadores da Cocuus, uma empresa que projeta e fabrica máquinas para a produção de alimentos à base de proteínas alternativas (de origem vegetal, micélio…). O aspecto mais impressionante é que esses alimentos cheiram, têm gosto e aparência idênticos aos de origem animal: bifes de carne, bacon, lulas… “Nosso atum não se diferencia do atum, nosso bacon não se diferencia do bacon e nosso foie é indistinguível do foie. Em testes cegos, os especialistas não conseguem notar a diferença”.
Cocuus venceu o prêmio Santander X Global Challenge / Food for the Future, um desafio global impulsionado pelo banco para apoiar a inovação em tecnologia alimentar
A empresa nasceu em 2017 a partir da união de uma equipe de físicos, matemáticos, geômetras, engenheiros mecatrônicos e de robótica. Começaram desenvolvendo impressoras para bares, restaurantes e serviços de catering. Atualmente, trabalham e são apoiados por grandes corporações globais, como a multinacional americana Cargill. “Já finalizamos completamente a tecnologia de impressão de bacon e carne, que imprime bifes híbridos com gordura vegetal. Agora estamos trabalhando intensamente na impressão de salmão e polvo”.
Essa tecnologia foi justamente o que levou a empresa a vencer, no ano passado, o prêmio Santander X Global Challenge / Food for the Future, um desafio global promovido pelo Banco Santander para apoiar a inovação na tecnologia alimentar e gerar um impacto socioeconômico duradouro no mundo. “É um concurso que premia tecnologias disruptivas. O Banco Santander tem nos ajudado muito nesse caminho e continua a fazê-lo. De fato, no momento, está liderando a busca por investimentos para nossa nova rodada de financiamento”. O banco conta com o Santander X, sua iniciativa global de empreendedorismo para apoiar pequenas e médias empresas, startups, scaleups e projetos inovadores em 11 países.
Tecnologias para reduzir a pegada de carbono
“Decidimos embarcar nesse projeto porque estamos totalmente convencidos de que é o futuro”, afirma Patxi. De fato, grandes visionários como Elon Musk e Bill Gates já estão investindo em tecnologias desse tipo. Gates, em particular, destacou várias vezes a importância de reduzir o consumo de carne e produtos lácteos de origem animal para minimizar a pegada de carbono. Atualmente, ele está investindo em um projeto da startup californiana Savor, que busca substituir o gado e criar manteiga a partir de CO2, entre outras iniciativas.
“As grandes empresas alimentícias globais dizem que não haverá proteínas suficientes para todos em 2050. Está cada vez mais difícil manter uma fazenda com 50.000 porcos, por exemplo, porque não permitem a instalação em nenhum lugar”. Patxi acredita que, muito em breve, veremos esses alimentos normalizados nos supermercados. y en los restaurantes: “Los gigantes mundiales de la alimentación están embarcados en el camino de investigar, de la mano de tecnológicas como la nuestra, los alimentos del futuro. Lo que consumirá mi hija de 14 años cuando tenga 30, no tendrá nada que ver con lo que consumimos hoy en día. Los jóvenes demandan respeto al medio ambiente y a los animales, y eso es lo que tratamos de conseguir”.
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