O segundo homem mais rico do mundo – Larry Ellison – se opõe à visão de Tim Cook. Orwell novamente.
Você se sentiria mais seguro em um mundo rodeado de câmeras se não tivesse nada de errado a esconder?
Esta década pode ser marcada por uma batalha entre a privacidade e a segurança. Onde estão os limites? Até que ponto perdemos benefícios para proteger nossa privacidade? Ou, por outro lado, estaremos cedendo dados demais? Para a Apple, a privacidade é um pilar em todos os seus dispositivos. Desde a criptografia do próprio sistema operacional até a maioria das funcionalidades do Apple Inteligente.
Isso entra em choque com outras empresas como o Facebook, que enfrentou polêmicas graves após o escândalo da Cambridge Analytica. Foi a partir de então que as empresas passaram a levar muito mais a sério a privacidade dos usuários. Embora hoje tenhamos novamente um ponto de vista completamente oposto ao de Tim Cook. Trata-se de Larry Ellison (cofundador da Oracle), que deixou clara sua posição: a privacidade é supervalorizada.
A videovigilância como solução para muitos de nossos problemas
Enquanto Tim Cook e a Apple defendem a proteção dos dados dos usuários, Larry Ellison pinta um futuro onde a videovigilância em massa e a inteligência artificial controlarão cada movimento dos cidadãos. E, apesar de assustador, para Larry Ellison isso seria benéfico para toda a humanidade.
Durante uma recente reunião financeira, o cofundador da Oracle apresentou sua visão de um mundo em que drones autônomos e milhões de câmeras, alimentadas por IA, manterão a ordem e “obrigarão” os cidadãos a se comportarem corretamente. Enquanto muitos se inquietam com essa distopia, o magnata vê isso como uma solução tecnológica ideal.
Segundo Larry Ellison, o que hoje nos parece uma sociedade vigiada em breve será a norma. Durante uma rodada de perguntas, Ellison explicou como acredita que a IA tomará o controle da segurança pública. Nesse cenário, câmeras colocadas em veículos, ruas e até drones analisarão cada ação cidadã. A ideia é simples: se alguém souber que está sendo observado o tempo todo, não quebrará as regras.
A comparação com o “Grande Irmão” de 1984, de George Orwell, é inevitável. No romance, os cidadãos são constantemente observados pelo governo. E embora a obra de Orwell alertasse sobre o perigo desse controle extremo, Larry Ellison a apresenta como algo positivo, capaz de prevenir crimes e melhorar a segurança global. De fato, ele garante que essa tecnologia já está em andamento em países como a China, onde o sistema de câmeras automatizadas coleta dados de cada cidadão.
E não é só a China, a Coreia do Sul também aplica videovigilância. O Japão também possui um grande número de câmeras. Em resumo, os países asiáticos têm uma visão diferente sobre o conceito de privacidade. Talvez tenham aceitado que podem abrir mão dessa “parte da liberdade” em troca de caminhar mais seguros pelas ruas. Não ter medo de sofrer um roubo, agressão, etc. E quem já foi a esses países sabe que podemos nos sentir completamente seguros. Cultura? Videovigilância? Eu apostaria pessoalmente numa mistura de ambos.
Para Tim Cook, segurança e privacidade podem estar unidas
Diante dessa visão, temos Tim Cook, que manteve uma postura firme sobre a importância da privacidade. Para o CEO da Apple, a privacidade é um direito fundamental e qualquer avanço tecnológico deve respeitá-la. É evidente o desenvolvimento do Apple Intelligence, a criptografia de ponta a ponta no iMessage ou a criação do sistema de transparência no Rastreamento de Aplicativos, que obriga os aplicativos a pedir permissão antes de rastrear dados para publicidade, algo que afetou muitas empresas.
Tim Cook defende que não é necessário escolher entre privacidade e tecnologia. A verdadeira inovação deve encontrar maneiras de proteger o usuário, em vez de vigiá-lo ou explorá-lo. Por outro lado, a posição de Ellison não está isenta de conflitos de interesse. Como presidente executivo da Oracle, sua empresa está diretamente envolvida na criação de infraestruturas massivas de dados e sistemas de IA que se beneficiariam precisamente da adoção de tecnologias de vigilância em grande escala. Isso levanta a dúvida sobre se sua defesa da videovigilância em massa se baseia apenas em preocupações com a segurança ou também esconde um interesse econômico em impulsionar o crescimento de seus negócios.
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