Meta, Ericsson e SAP disparam contra a lei europeia de IA: “A Europa ficará para trás devido à sua incoerência”

Autor: Xataka

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Notícias | Política

23 Set, 2024

23 Set, 2024

Em uma nova carta, assinada também por pesquisadores de Harvard e Milão, as grandes tecnológicas acusam a UE de “rejeitar o progresso” e “trair as ambições do mercado único”.

Mais de uma dúzia de vozes assinaram uma nova carta criticando a regulamentação europeia em inteligência artificial, a AI Act, norma pioneira no mundo para controlar os riscos associados a essa tecnologia. Os altos executivos de empresas como SAP, Spotify, Ericsson, Meta, Klarna, Mirakl ou Taxfix denunciam o risco de que o Velho Continente “fique para trás na era da IA devido à fragmentação das regulamentações”.

A carta, que segue uma outra já protagonizada por Spotify e Meta, alerta que “a Europa se tornou menos competitiva e inovadora em comparação com outras regiões”. Os signatários criticam que “na ausência de regras coerentes, a UE perderá duas pedras angulares da inovação em IA”.

A primeira são os desenvolvimentos em modelos abertos, que são disponibilizados a todos sem custo para que usem, modifiquem e desenvolvam, multiplicando os benefícios e espalhando as oportunidades sociais e econômicas. A segunda são os últimos modelos multimodais, que funcionam de maneira fluida por meio de texto, imagens e voz, permitindo o próximo salto na IA.

“Estamos comprometidos com a privacidade dos usuários e queremos regras claras em escala global, que transcendam fronteiras e nos ofereçam transparência e clareza sobre como agir”, detalha Joelle Pineau, vice-presidente de AI Research na Meta, em declarações ao DISRUPTORES – EL ESPAÑOL. “Muitas empresas europeias, que não têm equipes próprias trabalhando em modelos fundacionais, já estão vendo o potencial dessas tecnologias. E querem ter grandes modelos abertos disponíveis para elas, sabem que isso é crucial para o futuro delas”.

Sobre as reticências das big techs à AI Act, a espanhola Carme Artigas (responsável pelos últimos esforços para aprovar essa norma) assegura ao DISRUPTORES – EL ESPAÑOL que “a regulamentação precisa estar à frente para forçar certos comportamentos. No fundo, se você perguntar aos bancos se eles gostam de ser regulamentados, eles vão dizer que não. Ou à indústria farmacêutica. Eles vão evitar ser regulados até o último minuto, mas ao mesmo tempo, no dia seguinte à entrada em vigor da lei, todas as empresas estarão trabalhando para ver a AI Act e estarão felizes em adotá-la”.

Desde San Francisco, onde participa do Dreamforce 2024, Artigas insistiu que “não estamos regulamentando a tecnologia, mas os casos de uso de risco”.

Uma alusão direta ao anúncio de que modelos como o LLaMA da Meta não estarão disponíveis na Europa. Nesse sentido, os signatários acrescentam que “o desenvolvimento da IA ocorrerá em outros lugares, privando os europeus dos avanços tecnológicos dos quais os EUA, China e Índia já desfrutam”.

Mas a carta é ainda mais enfática. Chega a acusar a União Europeia de tomar decisões regulatórias de forma “fragmentada e imprevisível, enquanto as intervenções das Autoridades Europeias de Proteção de Dados criaram uma enorme incerteza sobre que tipos de dados podem ser usados para treinar a inteligência artificial”. Ao mesmo tempo, ameaçam que “a próxima geração de modelos de IA de código aberto, e os produtos e serviços que construímos sobre eles, não compreenderão nem refletirão o conhecimento, a cultura ou os idiomas europeus”.

Com tudo isso, as grandes tecnológicas apresentam uma escolha muito clara aos reguladores comunitários: “Você pode optar por reafirmar o princípio da harmonização consagrado em marcos regulatórios como o RGPD, para que a inovação em IA ocorra aqui na mesma escala e velocidade que em outros lugares. Ou pode continuar rejeitando o progresso, trair as ambições do mercado único e observar como o resto do mundo adota tecnologias às quais os europeus não terão acesso”.

“A regulamentação atual carece de detalhes sobre como será aplicada de forma concreta e específica. Isso nos impede de saber como devemos treinar os modelos, um processo que leva vários meses”, conclui Pineau.

Grandes nomes contra a AI Act.

A carta crítica está assinada por alguns dos grandes nomes da indústria digital, europeia e global. Entre eles, Börje Ekholm (presidente da Ericsson), Christian Klein (CEO da SAP), Daniel Ek (CEO do Spotify), Mark Zuckerberg e Yann LeCun (Meta), Miguel López (CEO da Thyssenkrupp) ou Marco Tronchetti Provera (Pirelli).

Também participam algumas das startups mais destacadas do ecossistema de IA, como Nabla, Unbabel, Flower Labs, Criteo, Kornia AI, YOOX, Ggml.ai, 8vance ou Bineric AI. Além de representantes da sociedade civil (como o espanhol Miguel Ferrer, em nome de Estech) e da Academia, como os pesquisadores Eugenio Valdano, Josef Sivic (Universidade Técnica Checa), Marco Baroni (ICREA), Nicolò Cesa-Bianchi (Universidade de Milão), Patrick Pérez ou Stefano Iacus (Harvard).

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