Zephyr Teachout: A advogada que desafia o poder corporativo e redefine o antitruste

Autor: DR. Ricardo Petrissans

Profissional universitário com ampla experiência em diversas áreas de atuação, incluindo gestão empresarial, desenvolvimento de pessoas, atividade acadêmica e criação e engenharia de projetos voltados para o desenvolvimento profissional e a educação.

Tecno-feudalismo

1 Set, 2025

1 Set, 2025

A trajetória acadêmica e jurídica de Zephyr:

Zephyr Teachout é professora de Direito na Fordham Law School, onde ministra cursos sobre direito corporativo, antitruste e crimes de colarinho branco. Sua pesquisa concentra-se na interseção entre o poder corporativo e a democracia, destacando obras como “Corruption in America” (publicado em 2014), em que argumenta que a Constituição dos Estados Unidos contém um princípio anticorrupção abandonado pela Suprema Corte moderna, e “Break ‘em Up” (de 2020), um manifesto para desmantelar monopólios em setores como tecnologia e agricultura.
Além disso, Teachout foi assessora especial de justiça econômica no gabinete do procurador-geral de Nova York (entre 2021-2022), liderando iniciativas contra práticas financeiras abusivas e a concentração de poder corporativo.

Uma carreira política: das eleições primárias ao ativismo:

Teachout buscou influenciar o sistema por dentro para tentar inserir suas principais ideias e, assim, impactar as mudanças que entende serem necessárias:
Foi candidata a governadora de Nova York (em 2014), competindo contra Andrew Cuomo nas primárias democratas, obtendo 33% dos votos com uma plataforma progressista que incluía a proibição do fracking e o financiamento público de campanhas eleitorais.
Concorrendo às eleições para a Câmara dos Representantes (em 2016), perdeu para o republicano John Faso no distrito 19 de Nova York, apesar do apoio de Bernie Sanders e Chuck Schumer.
Foi candidata a procuradora-geral de Nova York (em 2018), recebendo o apoio do New York Times, mas perdeu a nomeação democrata para Letitia James.
Sua abordagem política combina ativismo jurídico com mobilização cidadã, como sua participação no Occupy Wall Street, onde defendeu a descentralização do poder econômico.

Contribuições conceituais ao chamado Movimento Neo-Brandeisiano:

Teachout é uma figura central no ressurgimento do movimento Neo-Brandeisiano, que busca redefinir o antitruste não apenas como ferramenta para reduzir preços, mas como mecanismo para proteger a democracia e diminuir a desigualdade. Sinteticamente, suas principais contribuições ao movimento podem ser enunciadas da seguinte forma:
Críticas ao “bem-estar do consumidor”: argumenta que a abordagem da Escola de Chicago, focada em preços e eficiência, ignorou danos como a concentração de poder político e a erosão das pequenas empresas.
Uma visão estrutural: propõe leis antitruste que evitem fusões que consolidem o controle de setores críticos (por exemplo, tecnologia e farmacêuticas) e promovam uma economia descentralizada.
Impacto prático: seu trabalho inspirou ações da FTC sob a liderança de Lina Khan (que veremos em outra nota), como processos contra a Meta e a Amazon, e normas contra cláusulas de não concorrência.

Um de seus princípios mais importantes: a defesa da moralidade nos mercados:

Em seu ensaio “Antitrust Law, Freedom, and Human Development”, Teachout vincula as estruturas econômicas à liberdade moral dos cidadãos. Usando exemplos literários como Middlemarch, ela sustenta que os monopólios reduzem a capacidade dos indivíduos de agir eticamente ao criar dependências extremas (por exemplo: trabalhadores presos a um único empregador). Para ela, um mercado descentralizado fomenta comunidades mais participativas e debates cívicos robustos, essenciais para uma democracia saudável.

Também se destaca por sua influência midiática e colunismo:

Desde 2025, Teachout é colunista da The Nation, com a seção “Anti-Monopolist”, onde analisa casos como as práticas de Elon Musk e a concentração de poder na era Trump. Seu primeiro artigo, “Pay Less Attention to That Man in Front of the Curtain”, critica a teatralidade da política atual e defende o foco nas estruturas de poder ocultas. Recebeu vários reconhecimentos por esse ativismo editorial, sendo, por exemplo, incluída em listas de influência como a Time 100 e nomeada “Pessoa do Ano em Regulação” pelo Financial Times em 2024.

Conclusão:

Zephyr Teachout encarna a fusão entre erudição jurídica e ativismo político. Seu legado não apenas redefine o antitruste, mas também repensa como o poder econômico molda a ética e a democracia. Como ela mesma afirma: “A concentração corporativa não é um erro de mercado, mas uma falha da lei.” Em um mundo onde gigantes tecnológicos e financeiros ditam agendas globais, sua voz continua sendo um farol para aqueles que buscam equilibrar a balança do poder.

Autor: DR. Ricardo Petrissans

Autor: DR. Ricardo Petrissans

Profissional universitário com ampla experiência em diversas áreas de atuação, incluindo gestão empresarial, desenvolvimento de pessoas, atividade acadêmica e criação e engenharia de projetos voltados para o desenvolvimento profissional e a educação.

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